Escola Inclusiva, TDAH
Orientações aos Pais e Professores
Acomodações na sala de aula:
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O aluno deve ser colocado para sentar próximo à área onde o professor permanece o maior tempo e distante de outros locais que possam provocar distração (janela, porta, etc.) ou de colegas inquietos e desatentos.
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O aluno deve ser colocado para sentar perto de alunos que possam colaborar.
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Na medida do possível, o professor deve se posicionar próximo ao aluno enquanto apresenta a matéria.
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Na medida do possível, o professor deve dar assistência individual a este aluno, checando seu entendimento a cada passo da explicação e usando seu caderno para dar exemplos.
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Um quadro bem visível com as rotinas e comportamentos desejáveis em sala de aula deve ser afixado próximo a esse aluno.
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Somente o material necessário deverá ficar em cima da carteira. No caso de crianças pequenas vale a pena guardar seu material e fornecer somente o necessário.
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O aluno colaborador pode ser de grande valia na inclusão de alunos com TDAH. Sua atuação deve ser elaborada pelo professor tendo em vista as necessidades do aluno a ser incluído, suas habilidades, dificuldades e grau de autonomia. Entre as possíveis ações do aluno colaborador destacam-se o auxílio na motivação escolar, interação e inclusão no grupo social, aprimoramento das funções executivas (objetivar, planejar, organizar, iniciar, focar, perseverar, auto-monitorar, flexibilizar, inibir, regular e operacionalizar) e metacognitivas (estratégias de aprendizagem, ouvir, anotar, ler, compreender, redigir e pesquisar).
Apresentação das informações:
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O professor deve tornar o processo de aprendizado o mais concreto e visual possível, as instruções devem ser curtas e objetivas.
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O aluno deverá receber instrução de forma segmentada, seriada (evitando-se longas apresentações) e multissensorial, contemplando diferentes estilos de aprendizagem (visual, auditiva e cinestésica).
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Se o aluno tem dificuldades para fixar através do aprendizado visual, utilizar recursos verbais, por exemplo, incentiva-lo a gravar as aulas para recordá-las em casa.
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Quando possível utilizar cores vivas nos diferentes recursos visuais.
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Se assegurar de que o aluno escutou e entendeu as explicações e instruções.
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Manter na lousa apenas as informações necessárias para o tema.
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Antes de iniciar uma nova matéria utilizar alguns minutos para recordar a matéria anterior. Desta forma criam-se elos entre os assuntos favorecendo a atenção e fixação das informações na memória.
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O professor pode usar o recurso de colocar um pequeno símbolo, algo como uma estrela, no caderno do aluno durante a execução de atividades de sala de aula. Assim quando o aluno chegar às estrelas ele poderá avisar o professor, que passará a monitorar o seu progresso na atividade.
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No livro, apostila, caderno ou provas, outros exercícios que não os executados pela criança devem ser encobertos com uma folha para que o aluno se ocupe com um exercício de cada vez.
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Após uma pergunta, dar um tempo extra para reflexão.
As atividades em sala de aula e tarefas de casa:
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Os grupos de trabalho são bem vindos, mas evitar que tenham número maior do que três alunos.
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Designar responsabilidades e tornar o aluno com TDAH um ajudante de sala de aula. Essa providência pode ser muito útil para atenção, autoestima e inibição comportamental.
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O aluno com TDAH deve receber as informações e executar suas tarefas em grau de dificuldade adequado para suas necessidades (sucesso alcançável).
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Simplificar e dividir instruções complexas, tornando-as mais concretas e atreladas a conhecimentos prévios, relevantes e da vida diária do aluno.
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Tempo mínimo (evitando que o aluno abandone a atividade antes de tentar finalizá-la) e tempo extra para a execução das atividades devem ser previamente estabelecidos pelo professor.
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Coibir hábitos de multitarefas (executar várias tarefas ao mesmo tempo dividindo a atenção entre elas) em casa e na sala de aula.
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O uso de recursos tecnológicos (computador, tablet, calculadora, corretor ortográfico, etc.) na realização das atividades de sala de aula e tarefas de casa pode ser de grande ajuda.
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Os trabalhos de maior duração devem ser divididos em segmentos, podendo ser entregues em várias etapas.
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Quando houver acesso à internet, o professor pode auxiliar o aluno enviando para ele anotações e resumos das aulas dadas, bem como lembrá-lo das tarefas de casa.
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O aluno colaborador pode auxiliar o aluno com TDAH checando suas tarefas de casa e anotações de sala de aula.
As avaliações do aluno com TDAH:
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O professor deve priorizar o progresso individual do aluno com TDAH, tendo por base um Plano Educacional Individualizado e a valorização de aspectos qualitativos ao invés de quantitativos.
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É recomendado que ao invés de poucas avaliações cobrando um grande conteúdo de informações, seja realizado maior número de avaliações com menor conteúdo de informações (segmentação).
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Quando achar necessário, o professor pode ler as perguntas para o aluno, aplicar avaliação oral ao invés de escrita ou avaliações a serem realizadas em casa ao invés de na escola.
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Na medida do possível permitir que o aluno faça suas avaliações em lugar com menos estímulos que possam comprometer sua atenção.
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Tempo mínimo (evitando que o aluno abandone a avaliação antes de tentar finalizá-la) e tempo extra podem ser previamente estabelecidos pelo professor quando assim achar necessário.
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O aluno deve poder consultar livros e outros recursos durante a realização das avaliações.
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O aluno não deve ser avaliado pela sua caligrafia.
Desenvolvimento da capacidade de organização:
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O aluno deve poder levar para casa o material didático utilizado na escola.
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Agenda ou fichário pode ser um bom instrumento para ajudar o aluno a se organizar. O professor deve pedir a ele para anotar os deveres e recados, bem como certificar-se de que ele o fez.
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O professor deve manter os pais informados na frequência necessária para o aluno em questão (diária, semanal ou mensal).
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Em casa, os pais devem auxiliar o professor no desenvolvimento das habilidades de organização da criança.
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Através do consentimento dos pais do aluno colaborador, os pais do aluno com TDAH poderão com ele se comunicar para checar as tarefas e trabalhos de casa.
Comportamento:
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O aluno deve ser frequentemente informado sobre seu comportamento para desenvolver sua capacidade de automonitoramento.
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O aluno deve fazer um “contrato” com o professor e os pais se comprometendo em reduzir os comportamentos inapropriados e de aumentar os apropriados. Correspondendo as regras do “contrato” receberá recompensas imediatas pelos comportamentos adequados e sucessos alcançáveis.
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O professor pode usar sinais não verbais para o aluno manter a atenção na lição (como colocar a mão na sua carteira) evitando chamar a atenção de outros alunos.
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O professor deve ajudar a criança nos momentos mais críticos como no trânsito de uma sala de aula para outra, na hora do recreio e das refeições.
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Programar pausas e outras recompensas para atitudes adequadas, como se comportar bem e permanecer atento à aula. O importante é que essas recompensas não sejam distantes, ocorram em curto prazo.
Autoconceito e vida emocional:
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O professor não deve enfatizar os fracassos do aluno com TDAH ou comparar seu desempenho ao de seus colegas.
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Promover encorajamento verbal e motivação (“você consegue fazer isto!”).
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O aluno deve ter uma pessoa de referência na escola para lhe oferecer apoio e acolhida em momentos críticos relacionados aos seus comportamentos e ou emoções.
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O aluno deve receber elogios e oportunidades para desenvolver seus talentos e habilidades especiais.
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O aluno deve ter a oportunidade de se mover mais frequentemente que os demais alunos da classe.
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Os pais devem ser frequentemente informados pelo professor a respeito dos comportamentos do aluno.
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O professor deve se reunir com o aluno toda semana, oferecendo a oportunidade dele verbalizar suas dificuldades, progressos, ansiedades, etc.
Referências: Comunidade Aprender Criança. Cartilha da Inclusão Escolar: inclusão baseada em evidências científicas (Ed. Instituto Glia, 2014).
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Médico Neurologista e Neuropediatra
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Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia - ABN
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Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil - SBNI
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Título de Especialista em Neurologia pela Academia Brasileira de Neurologia - ABN/AMB
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Título de Área de Atuação em Neuropediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria - SBP/AMB
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CRM-GO 15286 / RQE 9716 / RQE 18012