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Sinais e Sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Atualizado: há 6 dias

Interesse restrito TEA

O Transtorno do espectro autista (TEA) é uma alteração do desenvolvimento que afeta a maneira como uma pessoa interage com o mundo e está associada a dificuldades de socialização, comunicação e comportamento.  O termo "espectro" se refere à ampla gama de sintomas e comportamentos que uma pessoa pode apresentar. 


Sinais e sintomas do Transtorno do Espectro Autista TEA são geralmente reconhecidos entre dois e três anos de idade, embora possam estar presentes precocemente. Por definição, os sintomas devem estar presentes desde o início do desenvolvimento, mas às vezes os sintomas não são aparentes até que a criança esteja um pouco mais velha. 


Os sintomas se agrupam em duas grandes áreas: 1) comunicação e interação social e 2) comportamento, atividades e interesses restritos e repetitivos. O atraso na fala ou na linguagem percebido pelos pais ou cuidadores geralmente é o primeiro sinal de que uma criança pode ter TEA. Sinais menos evidentes incluem falta de contato visual ou o pouco interesse por outras pessoas. 


Comunicação e interação social


Crianças com TEA frequentemente têm dificuldade na interação social e no uso e compreensão de comportamentos não verbais


Interação social — Dificuldade ou falta de interação com familiares, amigos e colegas de classe é uma marca característica do TEA. A interação social inclui comportamentos de comunicação não verbal, reciprocidade social, atenção compartilhada e capacidade de formar amizades. Esses componentes da interação social geralmente estão ausentes ou são deficientes em indivíduos com TEA.


Indivíduos com TEA frequentemente têm dificuldade em aprender a interagir com outras pessoas. Crianças mais novas podem ter pouco ou nenhum interesse em desenvolver amizades. Elas podem preferir brincar sozinhas em vez de brincar com outras pessoas e podem envolver outras pessoas em atividades apenas como ferramentas ou auxílios "mecânicos" (por exemplo, usar a mão de um cuidador para obter um objeto desejado sem fazer contato visual).


Crianças mais velhas podem se interessar mais em conversar ou socializar com outras pessoas, mas podem não entender as convenções sociais ou as necessidades e interesses de comunicação dos outros. Por exemplo, a criança pode continuar falando sobre um tópico de seu próprio interesse com total desconsideração pelos interesses do ouvinte. Pessoas com TEA geralmente não estão interessadas ou não conseguem compartilhar atividades, interesses ou conquistas; isso é chamado de "atenção conjunta prejudicada". 


A atenção conjunta é um comportamento de comunicação importante que surge no segundo ano de vida. A criança demonstra atenção conjunta ao tentar compartilhar interesse, diversão ou medo com um cuidador. A criança faz isso olhando propositalmente para frente e para trás entre um objeto e os olhos do cuidador (geralmente por volta dos 8 a 10 meses de idade) ou apontando para o objeto (geralmente por volta dos 14 a 16 meses de idade). Crianças com TEA podem não demonstrar essa atenção conjunta. Elas podem não conseguir conversar com sucesso ou mostrar qualquer interesse nas pessoas com quem estão.


Pessoas com TEA às vezes não conseguem compartilhar uma atividade prazerosa com outras pessoas. Por exemplo, uma criança pode preferir brincar sozinha em meio a uma multidão de crianças envolvidas na mesma atividade.


Comportamentos não verbais — Pessoas com TEA têm dificuldade em usar e interpretar comportamentos de comunicação não verbal, como contato visual, expressão facial, gestos e posturas corporais. Por exemplo, uma criança pode não ser capaz de entender as expressões faciais associadas à raiva ou aborrecimento, ou pode não ser capaz de usar contato visual ou um gesto para indicar seus desejos, necessidades ou interesses.


Durante a infância, os cuidadores podem notar que o bebê resiste a abraços, evita contato visual ou não abre os braços em antecipação a ser pego; no entanto, esses comportamentos não são universais.


Comportamento, atividades e interesses restritos e repetitivos


Comportamentos estereotipados — Outra característica comportamental do TEA são os movimentos corporais repetitivos, como bater ou torcer as mãos ou dedos, balançar, balançar, mergulhar ou andar na ponta dos pés; eles são vistos em 37 a 95 por cento das pessoas com TEA e geralmente começam durante os anos pré-escolares, podem ter duração prolongada, em graus variados de intensidade.


Insistência na mesmice — Muitas crianças com TEA têm rotinas ou rituais específicos que devem ser seguidos à risca. Isso pode ocorrer como parte da vida diária, como a necessidade de sempre comer alimentos específicos em uma ordem específica ou seguir o mesmo caminho de um lugar para outro sem desvio. Mudanças na rotina podem ser perturbadoras ou frustrantes, às vezes levando a uma birra ou colapso emocional. Embora esses comportamentos também ocorram em crianças com desenvolvimento típico, eles tem uma intensidade menor e tendem a diminuir na idade do jardim de infância.


Interesses restritos — Crianças mais novas com TEA podem se ater a objetos ou experiências sensoriais peculiares, como objetos giratórios, superfícies brilhantes, bordas de objetos, luzes ou cheiros. Crianças mais velhas podem ter foco no conhecimento sobre coisas específicas, como informações sobre o clima, datas, horários, números de telefone, placas de veículos, personagens de desenhos animados ou outros interesses (por exemplo, dinossauros, cães, aviões).


Percepção sensorial — Muitas pessoas com TEA apresentam respostas sensoriais atípicas a sons, sabores, toque, textura ou dor. Por exemplo, a pessoa pode ser excessivamente sensível a níveis normais de ruído. Outros exemplos incluem:


● Recusa em comer alimentos com certos sabores, ou ainda comer apenas alimentos com certas texturas. Essas obsessões alimentares podem causar sintomas gastrointestinais, como perda de peso, diarreia ou constipação.


● Resistência ao toque ou sensibilidade aumentada a certos tipos de estímulo tátil; o toque leve pode ser sentido como doloroso, enquanto a pressão profunda pode proporcionar uma sensação de calma. Isso pode incluir o incômodo à sensação de certas texturas de roupas em contato com a pele.


● Aparente indiferença à dor.


● Hipersensibilidade a certas frequências ou tipos de som (por exemplo, carros de bombeiros distantes) e falta de resposta a sons próximos ou sons que assustariam outras crianças (por exemplo, fogos de artifício).


Outras características


Habilidades cognitivas — Habilidades cognitivas incluem a capacidade de pensar, lembrar e processar informações. Em crianças com TEA, essas habilidades geralmente são desenvolvidas de forma desigual, independentemente do nível de inteligência da criança.  A pessoa geralmente pode executar tarefas rotineiras ou se envolver em atividades previsíveis, até mesmo atividades complexas (por exemplo, seguir rotinas diárias, memorizar a rota para um local preferido, montar quebra-cabeças, resolver problemas matemáticos memorizados anteriormente). No entanto, pode ter dificuldade com tarefas novas ou atividades que exigem que ela reúna informações e, em seguida, use o raciocínio, a interpretação ou o pensamento abstrato para responder a perguntas ou resolver problemas (por exemplo, saber como responder a situações sociais desconhecidas, responder a perguntas de compreensão para tarefas de leitura na escola ou ao aprender sobre conceitos abstratos como "propaganda" ou "ética").


Alguns indivíduos têm altas habilidades em memória, matemática, música, arte ou quebra-cabeças, apesar de dificuldades significativas em outras áreas. Outras habilidades especiais podem incluir cálculo de calendário (determinar o dia da semana para uma determinada data) e hiperlexia (a capacidade de ler palavras escritas que estão muito acima do nível de leitura da pessoa). No entanto, pode não entender o que está sendo lido ou o propósito daquela leitura.


Habilidades de linguagem — Uma capacidade de falar atrasada ou ausente pode ser o primeiro sinal de TEA. Ao contrário de crianças com deficiência auditiva, crianças com TEA não tentam compensar sua falta de fala usando meios alternativos de comunicação, como gesticular ou mímica. Na maioria dos indivíduos com TEA, a capacidade de entender é atrasada ainda mais do que a capacidade de falar. As crianças podem não responder ao seu nome, e o cuidador pode inicialmente ficar preocupado que a criança tenha um problema de audição. 


Uma criança pode não ser capaz de entender perguntas ou instruções simples. Há uma grande variabilidade na gravidade e qualidade dos problemas de linguagem em crianças com TEA. Algumas crianças nunca desenvolvem a capacidade de falar. As habilidades de linguagem podem ser limitadas a frases simples ou podem consistir em repetir frases ou palavras faladas por outras pessoas (chamado ecolalia). Naqueles que conseguem falar, a linguagem pode ser usada para satisfazer necessidades e desejos pessoais ou para discutir tópicos preferidos, em vez de como uma ferramenta para comunicação ou propósitos sociais. Aqueles que têm habilidades linguísticas mais desenvolvidas podem ter dificuldade para iniciar ou manter uma conversa com outras pessoas. Sua linguagem pode ter significado apenas para pessoas que estão familiarizadas com seu estilo de comunicação.


Quando procurar por ajuda?


Pais e cuidadores que notarem que sua criança tem um ou mais sintomas de TEA devem conversar com o médico pediatra ou neuropediatra, que deve fazer a triagem da criança para o autismo, iniciar o tratamento precoce e o processo de investigação diagnóstica.


O diagnóstico e o tratamento precoces do TEA podem melhorar a socialização, assim, mesmo antes da avaliação diagnóstica completa, a criança deve ser encaminhada para serviços de intervenção capacitados. A intervenção precoce pode ajudar a minimizar os atrasos e maximizar a chance da criança atingir marcos normais no desenvolvimento e comportamento.


 
Dr. Rodrigo Vargas, Neurologista e Neuropediatra (CRMGO 15286/ RQE 9716 / RQE 18012)

Dr. Rodrigo Vargas é médico Neurologista e Neuropediatra (CRM-GO 15286 / RQE 9716 / RQE 18012), membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN/AMB) e da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI), possui Título de Especialista em Neurologia pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN/AMB) e Certificado de Área de Atuação em Neuropediatria pela Academia Brasileira de Neurologia e Sociedade Brasileira de Pediatria (ABN-SBP/AMB). Atua há mais de dez anos na assistência e docência em Neurologia, atuando em serviços de média e alta complexidade em Neurologia e Neuropediatria.


 

Agenda Online:



 

Referências:

  • Shaw KA, Bilder DA, McArthur D, et al. Early Identification of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 4 Years - Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 11 Sites, United States, 2020. MMWR Surveill Summ 2023; 72:1.

  • Harstad E, Hanson E, Brewster SJ, et al. Persistence of Autism Spectrum Disorder From Early Childhood Through School Age. JAMA Pediatr 2023; 177:1197.

  • Maenner MJ, Shaw KA, Baio J, et al. Prevalence of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 8 Years - Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 11 Sites, United States, 2016. MMWR Surveill Summ 2020; 69:1.

  • National Institute for Health and Clinical Excellence. Autism diagnosis in children and young people: Recognition, referral and diagnosis of children and young people on the autism spectrum

  • American Psychiatric Association. Autism spectrum disorder. In: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition, Text Revision, American Psychiatric Association, Washington, DC 2022. p.56.

 

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